sábado, 23 de maio de 2020

Los ejes de mi Carreta

CD – Creative Sources Recordings – CS669, Lisbon 2020






1. I - 02'34''
2. II - 02'33''
3. III - 04'25''
4. IV - 03'29''
5. V - 06'21''
6. VI - 15'18''
7. VII - 08'32''
8. VIII - 06'38''
9. IX - 04'09''






Ernesto Rodrigues - Viola
Guilherme Rodrigues - Cello
Maria do Mar - Violin
Juan Calvi - Clarinet & Bass Clarinet





Recorded November 2019, Lisbon
Cover design Carlos Santos

https://ernestorodrigues.bandcamp.com/album/los-ejes-de-mi-carreta



Reviews

Discos há cujos títulos são apenas circunstanciais, cumprindo apenas uma função identificatória de uma obra que é dada ouvir. Outros são, ao invés, conceptuais, expondo na capa aquilo que vamos, formalmente, encontrar no interior. Existe ainda outro tipo de título: aquele que define um estado de espírito. É o caso deste álbum em que o clarinetista argentino, radicado em Lisboa, Juan “Cato” Calvi junta a si os préstimos de três improvisadores portugueses de cordofones que dispensam apresentações, Maria do Mar, Ernesto Rodrigues e Guilherme Rodrigues.
O nome “Los Ejes de Mi Carreta” não podia ser mais alusivo, pois é aquele que o falecido cantor Atahualpa Yupanqui deu a uma canção que praticamente todo o mundo conhece: um hino ao modo de vida dos gaúchos, os vaqueiros das Pampas. É essa condição que “Cato” Calvi reivindica para afirmar a sua origem geográfica e cultural, algo que ficou muito claro num concerto recente do músico, o primeiro depois de muitos meses de fecho de salas.
Estado de espírito, escrevi acima. Pois é o que encontramos na letra de Yupanqui: «Porque no engraso los ejes / Me llaman abandona'o / Si a mi me gusta que suenen / ¿Pa qué los quiero engrasaos? / E demasiado aburrido / Seguir y seguir la huella / Demasiado largo el caminho / Sin nada que me entretenga / No necesito silencio / Yo no tengo en qué pensar /
Tenía, pero hace tiempo / Ahora ya no pienso mas / Los ejes de mi carreta / Nunca los voy a engrasar.» Nenhuns traços dessa canção ao estilo milonga sobrevive neste CD, mas a sua mensagem permanece e esta vem dizer-nos da necessidade de assumir e ter o controlo das decisões que se tomam na vida. A música que ouvimos (uma música de câmara improvisada para o século XXI, o que quer dizer que é tanto convencionalmente tonal quanto experimentalista no uso extensivo e extrapolatório dos instrumentos – por vezes com motivos ou passagens escritas) traz consigo, pois, todo um “statement”. Muitas são as situações recuperadas tanto da música dita clássica quanto do jazz, agindo como âncoras nas tradições em que assenta este tipo de prática musical, mas mais são aquelas que questionam, procuram, exploram e inventam cenários outros. Se o solo de clarinete baixo vocalizado de “VI” nos lembra “Dejarme Solo”, de Michel Portal, e se a imitação dos pássaros em “VII” pode ser entendida como uma alusão tropicalista a Messiaen, o que vamos encontrando ao longo da audição é música nova construída sobre várias camadas de sedimentos musicais, com estas a serem remexidas para que as tenhamos em conta a todo o momento. Daí resulta um dos mais belos discos publicados em Portugal neste “annus horribiles”. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)

A studio recording bring three Portuguese string players--Maria do Mar on violin, Ernesto Rodrigues on viola, and Guilherme Rodrigues on cello--together with bass & soprano clarinetist Juan Calvi, for 9 succinct intertwining of energetic interplay, often chamber-oriented but all examples of masterful free improvisation exploring a diverse set of creative approaches. Squidco

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